sexta-feira, 18 de março de 2016

Saiba quem é o londrinense que dá de ombros para os aumentos na conta de energia


Frigério mora na única casa de Londrina movida completamente a energia solar (Crédito: Gilberto Abelha/Arquivo JL)

Existe um londrinense que não está nem aí para os aumentos na conta de energia. Todas as manhãs, quando abre os janelões da casa onde mora na zona oeste, João Frigério Neto, 71, dá de ombros para os reajustes de quase 50% na tarifa da Companhia Paranaense de Energia (Copel) em 2015.


Frigério mora na única residência de Londrina (Estado do Paraná,Brasil) movida inteiramente a energia solar – captada e convertida por meio de painéis fotovoltaicos de silício policristalino.

No ano passado, o JL mostrou a história do morador que, após investir inicialmenteR$ 22 mil e encarar a burocracia da Copel em Curitiba, tornou-se o primeiro produtor de energia doméstica de Londrina.

Fez cair em quase 70% a própria conta de luz. Na época, pagava R$ 250 mensais por 426 KW e, após a primeira leva de painéis no telhado, passou a “comprar” da Copel 144 KW. No entanto, queria mais.


João Frigério, o morador que não dá a mínima para os aumentos da Copel: conta ficou em R$ 70 com os painéis (Crédito: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina)

“Decidi aumentar o número de painéis. Agora tenho uma rede solar conectada com a Copel e outra independente, que abastece só a casa”, explica. Com mais R$ 10 mil de investimento, encerrou a conversa: mesmo depois dos aumentos, agora a conta foi só R$ 73,91 mensais – o mínimo possível, decorrente dos impostos e da taxa obrigatória de iluminação pública.

“É por isso que eu digo que pode aumentar quanto quiser”, esbraveja, entusiasmadíssimo com o resultado. E faz as contas: “Tenho R$ 30 mil aplicados sobre o telhado. É como uma poupança que rende 0,6% ao mês e que em oito anos me terá retornado todo o investimento”, calcula. “Fora que esses painéis duram até25 anos e não dão nenhum problema”.

Durante o dia, a rede de painéis solares “injeta” na rede da Copel o excedente de energia produzida, mas que não é usada pela casa. À noite, quando a geração cai, os equipamentos fazem uma inversão e passam a puxar energia do sistema público de distribuição. O preço da conta é o resultado da diferença entre gerar e consumir. Na casa de Frigério, serve para abastecer lâmpadas, microondas, um ar-condicionado, três tvs, computadores, câmeras de vigilância e todos os eletrodomésticos, além da bomba da piscina.

“Não estava satisfeito porque a energia solar está aí para ser usada na totalidade. Eu ainda tinha que pagar a Copel porque à noite acabava puxando entre 5KW e 7 KW. Mas de dia só gerava de excedente 3KW ou 4 KW. Agora, com os novos painéis, zerei a questão”, diz.

Diferente dos painéis interligados com a Copel, o novo conjunto de cinco painéis opera avulso, com a armazenagem da energia solar captada de dia em baterias,para uso à noite.

Sempre debruçado sobre as questões ambientais da vida urbana, durante 35 anos Frigério trabalhou com a instalação de aquecedores solares apenas para chuveiros. Foi quando se deu conta de que seria um desperdício continuar vendo o sol apenas como um meio de esquentar a água para tomar banho. Encasquetou que deveria comprar os painéis fotovoltaicos para mover tudo o que há em uma residência.

Acredite: Londrina tem mais sol do que Alemanha, campeã da energia solar

O JL já mostrou: um estudo de 2013, da Agência Nacional de Turismo (Embratur), coloca Londrina como uma das cidades mais ensolaradas do país.

Incrivelmente, os dias de sol na terra-vermelha são mais numerosos até mesmo do que em capitais praieiras, como Maceió e Salvador, por exemplo.

Em 2013, segundo a Embratur, Londrina teve 194 dias de sol – quase 70% a mais dias de sol do que as capitais do Norte e Nordeste do Brasil. Só perdemos para Fortaleza (239 dias de sol), Natal (201) e Palmas, com 227 dias de sol/ano.

Um outro estudo, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), ambas em Curitiba, calcularam que Londrina poderia produzir mais energia elétrica com o sol do que cidades da Alemanha onde a geração individual é estimulada pelo governo há quase 30 anos. Mesmo no inverno, Londrina poderia gerar até 40% mais energiaelétrica solar do que as cidades mais ensolaradas da Alemanha no verão. Dependendo da estação do ano, o Norte do Paraná mostrou ter um potencial até 60% maior na comparação com "cidades solares", como Freiburg, por exemplo, na Alemanha.








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