As pesquisas com inteligência artificial ainda estão engatinhando e bem longe de trazer qualquer coisa próximo à Skynet, de O Exterminador do Futuro. No entanto, enquanto esse tipo de tecnologia ainda não representa qualquer ameaça aos seres humanos, algumas dessas criações já podem ser, pelo menos, uma grande dor de cabeça para escritores.
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia criaram uma inteligência artificial capaz de criar histórias originais e, por conta disso, batizaram a novidade de Scheherazade em referência à famosa personagem do livro As Mil e Uma Noites. Só que, mais do que escrever um livro qualquer, a IA vai além e permite que o próprio leitor siga por uma enorme variedade de possibilidades narrativas a partir de "caminhos" que ele tomar.
Basicamente é a mesma fórmula usada em livros infanto-juvenis, no qual a pessoa decide o que vai acontecer com o personagem e, de acordo com essa escolha, vai para a página correspondente. A diferença é que, com a inteligência artificial, não é mais precisa fazer esses saltos, já que a própria contadora da história vai conduzi-lo por esse novo caminho.
Como o CNET aponta, essa não é a primeira vez que vemos algo assim dentro do mundo dos sistemas inteligentes. No entanto, o diferencial da Scheherazade é que seu desenvolvimento parte do conceito de crowdsourcing, em que pessoas do mundo todo ajudaram a desenvolver essa consciência e, com isso, removeram algumas das várias limitações existentes. Isso permitiu que a inteligência fosse capaz de desenvolver um número muito maior de cenários na hora de contar suas histórias.
E as fontes de inspiração para a IA vêm exatamente de uma plataforma de uso coletivo da Amazon. A chamada Mechanical Turk oferece à Scheherazade informações variadas sobre possíveis maneiras de desenvolver uma trama e organiza esses dados a partir de uma ordem específica ao determinar os eventos básicos de uma situação e, em seguida, identificando os desdobramentos típicos para aquele acontecimento.
Para mostrar o quanto a inteligência artificial segue tudo de maneira bem lógica, o CNET apresenta um exemplo bem simples de como isso funciona. Em uma história em que um casal vai ao cinema, o roteiro precisa mostrar que, para entrarem na sala e ver o filme, eles precisam se dirigir até lá. Parece o tipo de coisa boba, mas é esse tipo de raciocínio que torna a Scheherazade única e tão próxima dos humanos.
Segundo o professor associado de computação interativa da universidade, Mark Riedl, a inteligência artificial desenvolvida por eles possui um sistema que aponde modelos de gêneros a partir desses exemplos de histórias e a oferece de um modo que o leitor pode tomar diferentes ações e ver uma consequência coerente para aquela escolha. Para ele, bastam dados que cubram suficientemente todos esses aspectos narrativos para que a IA se aproxime do desempenho humano de contar uma história.
E, para provar o funcionamento da nova tecnologia, os pesquisadores fizeram alguns testes com o público. Eles dividiram as pessoas em três grupos, sendo que um iria conferir um roteiro desenvolvido pela Scheherazade, outro feito por humanos e o terceiro iria pegar uma história de um gerador aleatório. Em seguida, eles tiveram que ler o conteúdo, apontar erros ou problemas de sequência e, por fim, apresentar uma nota para o que foi feito.
O gerador tradicional teve o pior resultado, mas as notas obtidas por Scheherazade foram tão boas quanto às dadas para os humanos. Nos dois roteiros apresentados, a diferença de erros detectados entre eles era mínima e os índices de satisfação foram bem altos, com destaque para sua coerência e engajamento do leitor.
Contudo, apesar dos bons resultados, os pesquisadores querem ir além e fazer com que as histórias produzidas pela inteligência artificial sejam mais criativas e interessantes. Como explicado pelos cientistas, o sistema atual usado na Scheherazade possui apenas o entendimento de histórias básicas, o que faz com que a experiência seja bem genérica e pouco atrativa. Entretanto, a tendência é que mais cenários e resoluções sejam apresentados com o tempo, fazendo com que a IA siga para caminhos pouco convencionais em sua narrativa.
E, por mais que a conclusão do estudo diga que os autores não precisam se preocupar com a chegada da inteligência artificial dentro do mundo da literatura e da criação de ficções, as possibilidades oferecidas por esse tipo de recurso são enormes. Como apontado em seu relatório, a Scheherazade é apenas o primeiro passo para a criação de uma narrativa interativa com a mesma qualidade que temos quando há humanos envolvidos, mas sem a exigência de que tenhamos uma pessoa no processo.
É claro que é fácil imaginar como isso pode se virar "para o mal" no futuro, permitindo que robôs contem mentiras e esse seja o início do fim. Por outro lado, aplicações mais práticas e menos apocalípticas podem ser imaginadas. Já imaginou usar a Scheherazade para mestrar aquela partida de RPG com seus amigos?
Brincadeiras à parte, essa inteligência artificial pode se converter em algo que a própria indústria de videogames pode aproveitar. Embora já tenhamos jogos em que a sua decisão altera o rumo da história, ainda há um caminho previamente definido a ser seguido. A partir de uma IA como essa, a liberdade pode ser bem maior e termos realmente experiências bem ousadas no futuro. Ainda há algumas limitações no caminho — como a renderização desses novos caminhos —, mas esse é um futuro bem provável de encararmos daqui a alguns anos.
Basicamente é a mesma fórmula usada em livros infanto-juvenis, no qual a pessoa decide o que vai acontecer com o personagem e, de acordo com essa escolha, vai para a página correspondente. A diferença é que, com a inteligência artificial, não é mais precisa fazer esses saltos, já que a própria contadora da história vai conduzi-lo por esse novo caminho.
Como o CNET aponta, essa não é a primeira vez que vemos algo assim dentro do mundo dos sistemas inteligentes. No entanto, o diferencial da Scheherazade é que seu desenvolvimento parte do conceito de crowdsourcing, em que pessoas do mundo todo ajudaram a desenvolver essa consciência e, com isso, removeram algumas das várias limitações existentes. Isso permitiu que a inteligência fosse capaz de desenvolver um número muito maior de cenários na hora de contar suas histórias.
E as fontes de inspiração para a IA vêm exatamente de uma plataforma de uso coletivo da Amazon. A chamada Mechanical Turk oferece à Scheherazade informações variadas sobre possíveis maneiras de desenvolver uma trama e organiza esses dados a partir de uma ordem específica ao determinar os eventos básicos de uma situação e, em seguida, identificando os desdobramentos típicos para aquele acontecimento.
Para mostrar o quanto a inteligência artificial segue tudo de maneira bem lógica, o CNET apresenta um exemplo bem simples de como isso funciona. Em uma história em que um casal vai ao cinema, o roteiro precisa mostrar que, para entrarem na sala e ver o filme, eles precisam se dirigir até lá. Parece o tipo de coisa boba, mas é esse tipo de raciocínio que torna a Scheherazade única e tão próxima dos humanos.
Segundo o professor associado de computação interativa da universidade, Mark Riedl, a inteligência artificial desenvolvida por eles possui um sistema que aponde modelos de gêneros a partir desses exemplos de histórias e a oferece de um modo que o leitor pode tomar diferentes ações e ver uma consequência coerente para aquela escolha. Para ele, bastam dados que cubram suficientemente todos esses aspectos narrativos para que a IA se aproxime do desempenho humano de contar uma história.
E, para provar o funcionamento da nova tecnologia, os pesquisadores fizeram alguns testes com o público. Eles dividiram as pessoas em três grupos, sendo que um iria conferir um roteiro desenvolvido pela Scheherazade, outro feito por humanos e o terceiro iria pegar uma história de um gerador aleatório. Em seguida, eles tiveram que ler o conteúdo, apontar erros ou problemas de sequência e, por fim, apresentar uma nota para o que foi feito.
O gerador tradicional teve o pior resultado, mas as notas obtidas por Scheherazade foram tão boas quanto às dadas para os humanos. Nos dois roteiros apresentados, a diferença de erros detectados entre eles era mínima e os índices de satisfação foram bem altos, com destaque para sua coerência e engajamento do leitor.
Contudo, apesar dos bons resultados, os pesquisadores querem ir além e fazer com que as histórias produzidas pela inteligência artificial sejam mais criativas e interessantes. Como explicado pelos cientistas, o sistema atual usado na Scheherazade possui apenas o entendimento de histórias básicas, o que faz com que a experiência seja bem genérica e pouco atrativa. Entretanto, a tendência é que mais cenários e resoluções sejam apresentados com o tempo, fazendo com que a IA siga para caminhos pouco convencionais em sua narrativa.
E, por mais que a conclusão do estudo diga que os autores não precisam se preocupar com a chegada da inteligência artificial dentro do mundo da literatura e da criação de ficções, as possibilidades oferecidas por esse tipo de recurso são enormes. Como apontado em seu relatório, a Scheherazade é apenas o primeiro passo para a criação de uma narrativa interativa com a mesma qualidade que temos quando há humanos envolvidos, mas sem a exigência de que tenhamos uma pessoa no processo.
É claro que é fácil imaginar como isso pode se virar "para o mal" no futuro, permitindo que robôs contem mentiras e esse seja o início do fim. Por outro lado, aplicações mais práticas e menos apocalípticas podem ser imaginadas. Já imaginou usar a Scheherazade para mestrar aquela partida de RPG com seus amigos?
Brincadeiras à parte, essa inteligência artificial pode se converter em algo que a própria indústria de videogames pode aproveitar. Embora já tenhamos jogos em que a sua decisão altera o rumo da história, ainda há um caminho previamente definido a ser seguido. A partir de uma IA como essa, a liberdade pode ser bem maior e termos realmente experiências bem ousadas no futuro. Ainda há algumas limitações no caminho — como a renderização desses novos caminhos —, mas esse é um futuro bem provável de encararmos daqui a alguns anos.
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